Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
19 de Abril de 2024

Mulheres pedófilas existem: entenda por que elas são pouco denunciadas

Psiquiatra explica a diferença entre o portador da doença e o criminoso que comete abusos.

(por MPF-BR) A pedofilia está entre as doenças classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) entre os transtornos da preferência sexual. Pedófilos são pessoas adultas (homens e mulheres) que têm preferência sexual por crianças – meninas ou meninos - do mesmo sexo ou de sexo diferente, geralmente pré-púberes (que ainda não atingiram a puberdade) ou no início da puberdade, de acordo com a OMS.

A pedofilia em si não é crime, no entanto, o código penal considera crime a relação sexual ou ato libidinoso (todo ato de satisfação do desejo, ou apetite sexual da pessoa) praticado por adulto com criança ou adolescente menor de 14 anos. Conforme o artigo 241-B do ECA é considerado crime, inclusive, o ato de “adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.”

Veja reportagem do R7 à respeito da "pedofilia feminina"

(por Sylvia albuquerque R7 em 06/07/2015 às 09h56m) Dos cinco aos oito anos, Laurinha*, hoje com dez, assistia à babá se masturbar diariamente. A mulher esperava a patroa sair, ia para o quarto com a garota e a sentava em uma cadeira. Em seguida, se deitava na cama e obrigava a menina a permanecer ali até que chegasse ao orgasmo.

O caso só foi descoberto quando a criança contou na escola, com ar de naturalidade, o que acontecia, sem se dar conta de que era vítima. A família nunca desconfiou de nada. Como aquela mulher de confiança, que cuidava de tudo havia anos, que também era mãe, carinhosa, poderia cometer aquilo? Seria mesmo verdade ou uma invenção da menina?

Assuntos como pedofilia e abuso sexual envolvem um tabu tão grande que pouco se imagina que as mulheres sejam portadoras dessa doença e que também cometam estupros. Segundo um dado da PF (Polícia Federal), a cada dez pedófilos, um é mulher. Assim como os presídios masculinos têm alas reservadas para estupradores, chamadas "seguro", os femininos também possuem e elas estão ocupadas.

O que acontece é que, em geral, as mulheres são denunciadas com menor frequência. Alguns motivos explicam essa subnotificação, como a ausência de penetração durante o abuso, a cultura machista que vê como algo normal as relações precoces entre meninos e mulheres mais velhas, ou o receio da família de denunciar e transformar o fato em um trauma maior que interfira na sexualidade dos garotos.

Toque, beijo, carícia e ato libidinoso envolvendo crianças são considerados crimes pela Constituição, assim o estupro, e precisam ser repassados à polícia.

Mulheres pedfilas existem entenda por que elas so pouco denunciadas

O psiquiatra Danilo Baltieri, especialista em transtornos sexuais e coordenador do Ambulatório de Transtornos de Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC, afirma que o diagnóstico da pedofilia é difícil e o tratamento, longo. Ele esclarece, ainda, que nem todo pedófilo abusa de crianças e a maioria dos abusadores sexuais não é portadores de pedofilia.

— A pedofilia é doença: o desejo, o interesse constante por crianças durante, no mínimo, seis meses. As mulheres portadoras tendem a ser pessoas tímidas, que pouco se expõem socialmente, e, geralmente, tem alguma outra parafilia associada, como a zoofilia (sexo com animais) e exibicionismo.

Tratamento

Segundo o médico, muitas pessoas se aproveitam de oportunidades para cometer estupro, mas isso não significa que esses abusadores portem pedofilia.

— Na maioria das vezes, as pessoas presas por estupro são oportunistas, que se relacionaram com um adolescente por curiosidade, estupraram uma única vez. Mas se diagnosticada com a doença, essa pessoa precisa receber atendimento além da pena de prisão.

Maria*, portadora de pedofilia, foi obrigada a procurar tratamento depois de ser flagrada mexendo nas partes íntimas de uma menina que a irmã dela cuidava. Pressionada, ela acabou confessando que sempre sentiu desejo por crianças e que aquela não era a primeira vítima. Ela se descreve como uma ‘vergonha para a família’.

Aos 37 anos, Maria faz tratamento com um psiquiatra há três.

— É uma tortura, um sofrimento diário, uma angústia. Hoje eu sei que o que eu fazia é crime, mas ao mesmo tempo não conseguia me controlar. Eu dependia daquilo para ter prazer.

Baltieri diz, ainda, que a pedofilia é uma das doenças mais estigmatizadas da medicina e a sociedade a vê como uma ‘praga’, que deve ser combatida com violência, sem se dar conta da necessidade de tratamento médico desses portadores, para o bem deles e de suas possíveis vítimas.

— Nós médicos não queremos ignorar o crime, se fez tem que pagar, mas o tratamento é importante para que não haja reincidência.

Segundo dados do Disque 100, dos casos de abuso sexual registrados entre janeiro de 2012 e março de 2014, 60% não foram cometidos por parentes da vítima. O médico explica que as mulheres não procuram crianças do seu círculo familiar como vítima, na maioria dos casos.

— As mulheres portadoras da pedofilia, a maioria, se utilizam de crianças estranhas. Sabe-se por meio de pesquisas que, quanto mais estranha a criança, quanto mais nova a vítima, aumenta-se as chances de o agressor ser portador da doença. Uma pessoa que manteve relação com uma criança ou adolescente uma única vez, dificilmente porta a doença.

Em 15 anos de ambulatório, Danilo atendeu a cinco mulheres que portavam a doença. Ele informou que o tratamento foi individual, diferente do oferecido aos homens que incluem terapias em grupo, e com uso de medicamentos.

Em conversa com o R7, a pequena Laurinha disse: "Ela ficava na cama mexendo nela". A reportagem encontrou com a criança no Cevat (Centro de Visitas Assistidas do Tribunal de Justiça). Os pais dela eram separados quando a escola comunicou sobre o que a criança contou e o pai entrou na Justiça para ter a guarda da menina alegando negligência por parte da mãe, responsável pela contratação da babá. O homem conseguiu e, desde então, não entrou mais em acordo com a mãe sobre as visitas, que passaram a ocorrer no Cevat.

Papel da família

Se é papel da polícia prender e investigar as denúncias de abuso sexual, da Justiça condenar e do Estado oferecer um tratamento ao detento avaliado e identificado como portador da pedofilia, cabe aos responsáveis pela vítima denunciar. A família não tem obrigação de saber se aquele agressor é portador, deve comunicar o crime às autoridades responsáveis.

*Os nomes são fictícios para proteger a identidade da vítima e da paciente.


Fonte: R7 http://noticias.r7.com/são-paulo/mulheres-pedofilas-entenda-porque-elas-são-pouco-denunciadas-060720... e MPF

Republicado e alterado por Elane F. De Souza OAB-CE 27.340-B

Foto/Créditos: abnoxio. Com

http://imasdk.googleapis.com/js/core/bridge3.101.3_en.html#goog_388815747

  • Sobre o autorAdvogada
  • Publicações337
  • Seguidores212
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações6196
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/mulheres-pedofilas-existem-entenda-por-que-elas-sao-pouco-denunciadas/205596579

Informações relacionadas

Canal Ciências Criminais, Estudante de Direito
Artigoshá 5 anos

Violência sexual cometida por mulheres

José Ricardo Bandeira, Perito Criminal
Artigoshá 2 anos

Pedofilia feminina

Espaço Vital
Notíciashá 13 anos

Mulher é suspeita de abusar de garoto de 13 anos

Juciene Souza Ribeiro, Advogado
Notíciashá 10 anos

Mãe é presa acusada de estuprar casal de filhos no Paraná

Tia que abusou de sobrinho de apenas sete anos tem condenação mantida pelo Tribunal

11 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

É absolutamente verdadeiro do que diz o Bruno Noronha.
Parabéns a autora do texto, continuar lendo

É claro que existem mulheres pedófilas. Eu mesmo, qdo criança de 10 ou 12 anos, fui muito bolinado por mulheres mais velhas. Às vezes até fornicado. E eu, coitado, inocente do crime horrendo que praticavam com uma pobre criança, adorava aquilo. Santa inocência. continuar lendo

Horrendo isso Edison Sampaio
Todavia me fizeste rir (que me desculpe), até pensei no que já havia comentado o Bruno anteriormente....., infelizmente isso que vc relatou deve acontecer diariamente e muitos não dizem nada ou porque gostam (no caso de mulher para menino), ou porque são inocentes ou porque os pais não dão muita importância ao que é feito (quando é vindo de mulher a menino , não menina), sociedade machista.
Um abraço e obrigada pelo comentário continuar lendo

kekeke!!!
Me desculpe a impropriedade do cometário. Este fórum nem é lugar para se brincar, mas para se apreciar (e absorver) as riquezas postadas pelos articulistas e "comentaristas". Parabéns por tudo o que vc posta. continuar lendo

Muito bom e esclarecedor o texto. Como já mencionado a cultura machista não permite a denuncia.
Aspecto interessante é a necessidade de tratamento dos portadores da doença. continuar lendo

Bom dia Carlos Cavalcanti
Engraçado que isso é tão horrendo e nojento , mas não vejo como doença e sim como uma "severgonhice", todavia é considerada doença pela OMS, fazer o que - tratá-las não é?
Abraço e obrigada por comentar
Att. Elane continuar lendo

Este artigo explica e dá exemplos:

https://fococristao.wordpress.com/2013/03/02/pedofilia/ continuar lendo